Inicio > João Simão: como ’10 anos de derrotas’ forjaram o melhor jogador do Brasil em 2018

Luxo, dinheiro, fama e prestígio. A vida ideal de um jogador de poker é um sonho. Sonho inspirado no life style dos maiores jogadores do mundo. Que parecem estar sempre num upswing interminável – entre viagens fantásticas e premiações milionárias.

Bem, «nem tudo que reluz é ouro», como diz o ditado. Para cada vencedor, existem muitos perdedores que a história nem sempre faz questão de lembrar.

João Simão Flag of Brasil é certamente um vencedor. Tem passado os últimos meses entre viagens a Barcelona, Montreal e Punta del Este. Além de ser o 5º jogador mais premiado na história do poker ao vivo do Brasil, segundo o site Hendon Mob (depois de Alexandre Gomes, Felipe Mojave, André Akkari e Thiago Decano), com US$ 2,048,625, e o segundo maior do país em todos os tempos no poker online, com US$6,941,666, de acordo com site PocketFives. No total, o mineiro é o maior vencedor brasileiros em torneios, com quase US$ 9 milhões em premiações.

Simão – que é hoje o principal embaixador do partypoker no Brasil – está, já faz alguns anos, nos holofotes, como o vencedor que é. Em 2016, foi eleito o melhor do mundo no poker online, pelo ranking do PocketFives. Em 2018, faz uma temporada espetacular com mais de US$1 milhão em premiação ao vivo.

Mas nem tudo foram flores para o craque de Minas Gerais. Nem para ele. Aliás, muito pelo contrário. A trajetória de Simão, mesmo sendo ele um grande jogador, é marcada por momentos difíceis e muitas derrotas durante uma DÉCADA. Sim, isso mesmo. 10 longos anos sem ver seu gráfico deslanchar (ou pelo menos deslanchar como gostaria).

Nesta semana, o brasileiro falou sobre os anos de dificuldades em seu Instagram, na seção Stories, em um texto inspirador para muitos que vivem diariamente a luta para ver a carreira no poker evoluir.

«É natural ler notícias, abrir o lobby e pensar que podia ser você o campeão. Sofrer, ficar ansioso, acordando todo o dia achando que é seu dia», escreve Simão, para depois fazer uma sincera retrospectiva de seus primeiros 10 anos no esporte de carreira”.

«Eu passei 10 anos para conseguir meu primeiro big hit. 10 anos», diz Simão. «Até outro dia, amigos profissionais falavam: tá na cara que você é a bola da vez (…) E assim esperei anos achando que era a minha vez. E nada».

Mesmo sendo um grande jogador, com ótimo ROI (Retorno de Investimento) nos torneios regulares por muitos anos. Simão conta que demorou para fazer seu gráfico deslanchar por não conseguir acertar seus tiros (desempenho nos torneios maiores).

«Para vocês entenderem em números. Meus primeiros 14 torneios de $10.3 mil eu cai fora do ITM. São US$ 144.2 mil de prejuízo. Tenho 30% de ROI em torneios de 109. Ou seja, lucro no longo prazo de 30 por torneio», lembra o jogador. «Pra recuperar os 14 tiros que errei, foi preciso jogar 2806 torneios de $ 109. Quase 5 mil torneios para voltar ao empate».

Hoje símbolo de sucesso, Simão, ao falar sobre os momentos não tão gloriosos de sua carreira, revela em sua rede social a preocupação de não induzir pessoas a tomarem caminhos errados, alimentadas por ilusões e falsas expectativas.

«Um dos maiores motivos das frustrações das pessoas é criar expectativas erradas, seja no mundo do poker ou fora. A galera fica assistindo os profissionais bem sucedidos viajando o mundo, ganhando dinheiro. E acha que tudo é fácil. Mas, na verdade, é difícil, é duro. A gente passa por várias coisas»

Na vida, você pode vencer ou perder. Mas a única coisa que cabe a cada um é tomar as melhores decisões. Simão, ao chegar ao topo, não lamenta as derrotas do passado. Pelo contrário. Agradece aos ferros, por terem forjado seu caráter para nunca ficar em zona de conforto.

E assim passei 10 anos, apanhando nos tiros, jogando todo trabalho duro do ano fora, com aquele lucro sofrido, o gráfico tentando subir e os tiros forçando para baixo. Uma luta quase insuportável. Um ano assim, talvez dois, é normal. Foram 10 anos assim, desde que meus tiros eram de 1k, desde que meus tiros eram o Sunday Million. Machuca demais.

«Hoje eu tenho certeza que fui muito sortudo! Foram 10 anos longe da zona de conforto. 10 anos evoluindo dia após dia. Na dor. Hoje estou onde estou graças a estrada de terra, dolorida», destaca o jogador, ressaltando que a vitória às vezes pode ser enganosa e perigosa. «Imagina só ganhar uma bolada no início? Se achar imbatível, ter conforto financeiro na largada. Isso é um perigo».

A história de Simão permite muitas interpretações. Uma delas, pessimista, pode ser: se Simão demorou a decolar, imagine eu. Outra, mais realista, é: só estudando e trabalhando de maneira séria e realista posso chegar a algum lugar. Os grandes vencedores podem passar por momentos difíceis como todos, mas eles apenas chegam ao topo extraindo o melhor das adversidades.

Confira: a seguir, a transcrição do depoimento de João Simão.

Reflexão muito boa. Principalmente para o mês de eventos. É natural ler notícias, abrir o lobby e pensar que podia ser você o campeão. Sofrer, ficar ansioso, acordando todo o dia achando que é seu dia. Sua maratona é realmente só contra você mesmo.

Eu passei 10 anos para conseguir meu primeiro big hit. 10 anos; Jogando tudo de mais caro. Inúmeras retas finais; Até outro dia, eu postava sobre isso. Até outro dia, amigos profissionais falavam: tá na cara que você é a bola da vez. O próximo a estourar uma bolada. E assim esperei anos achando que era a minha vez. E nada.

Quando menos esperava, quando desliguei de buscar o big hit, jogando 30% do volume que eu jogava, focado no crescimento do partypoker, chegou a minha vez. Sem dúvidas, comparando aos jogadores do meu nível e dos meus buy-ins, que estava entre os 1% que mais demoraram a explodir um big hit.

Achei demais que eu era injustiçado, afinal realmente faz diferença receber uma bolada a vista; Faz diferença no gráfico runnar mal nos torneios caros. E não tenho dúvidas que dificultou muito a minha trajetória ter investido tempo, dinheiro, emocional por 10 anos, matando os torneios regulares e apanhando nos grandes, mesmo contra jogadores piores. Parecia que o baralho não ia deixar.

Isso me frustrava. Eu não fazia ideia de que eu era o sortudo. É quase impossível sobreviver nos High Stakes, dando buy-in altos sem acertar uma bolada. Pra sobreviver, eu precisei ralar demais. Precisei estudar muito, para ter um ROI alto o suficiente nos 109-215. E pagar aquele buy-in alto que se foi. É uma luta muito dura, muito injusta, mas que engorda demais a casca.

Para vocês entenderem em números. Meus primeiros 14 torneios de $10.3 k eu cai fora do ITM. São US$ 144.2 mil de prejuízo. Tenho 30% de ROI em torneios de 109. Ou seja, lucro no longo prazo de 30 por torneio. Pra recuperar os 14 tiros que errei, preciso jogar 2806 torneios de $ 109. Quase 5 mil torneios para voltar ao empate.

E assim passei 10 anos, apanhando nos tiros, jogando todo trabalho duro do ano fora, com aquele lucro sofrido, o gráfico tentando subir e os tiros forçando para baixo. Uma luta quase insuportável. Um ano assim, talvez dois, é normal. Foram 10 anos assim, desde que meus tiros eram de 1k, desde que meus tiros eram o Sunday Million. Machuca demais. E, infelizmente, por tantos anos, acontece só com 1% dos jogadores lucrativos.

Azarado, né? Está com dó de mim? Esquece! Hoje eu tenho certeza que fui muito sortudo! Foram 10 anos longe da zona de conforto. 10 anos sem poder me acomodar um dia.

10 anos evoluindo dia após dia. Na dor. Hoje estou onde estou graças estrada de terra, dolorida. Imagina só ganhar uma bolada no início? Se achar imbatível, ter conforto financeiro na largada. Isso é um perigo.

Para finalizar, fica a dica. Esquece que a turma que joga com você dia a dia acabou ganhando uma bolada. Não importa que você é um dos únicos do seu field que ainda não estourou. Sua maratona é só contra você mesmo. Tudo no tempo de Deus, ou no seu tempo se você não tem fé. Foque na sua trajetória na sua evolução.

 

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